drinques

O revival dos exóticos tiki drinks

Os coquetéis tropicais e extravagantes são a maior onda

Mais um ano entra e com ele vêm mil opções novidadeiras de gastronomia e entretenimento. Mesmo que algumas delas flertem com o que a gente já viveu. Vamos voltar no tempo: o sujeito encosta num bar, afrouxa gravata e recebe um coquetel extravagante, com várias camadas coloridas e aromas inesperados. Adornando o copo (que pode ser um coco ou canecas na forma de figuras folclóricas), uma flor ou um guarda-chuva de papel.

O conjunto remete a tempos atrás... Para ser mais preciso, falamos de tiki drinks, onda que começou nos anos 1930, em Hollywood. Um bem bolado de Caribe e Pacífico Sul, com inspiração tropical, rum, reduções, sucos naturais, temperos (como ervas, pimentas e especiarias) e as tais decorações típicas! Mais do que isso, a graça da coquetelaria tiki está na profundidade das bebidas, no layers de sabores que vêm da combinação de mais de um destilado, de licores e de amargos.

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Tudo pronto para harmonizar com a comida cantonesa, polinésia e havaiana. Uma mistura que até os anos 1960 e 70 encantou um país que sonhava com férias exóticas, via musicais como South Pacific, na Broadway, e rebolava com Elvis Presley em Blue Hawaii.

A boa notícia é que hoje não é preciso vestir camisa florida, nem entonar um hula, para sentir no copo essa maresia. Melhor: mais afinada, respeitada até pelos bartenders mais sérios, desses que contabilizam gotas num dry martini e num manhattan. Isso vale para Londres, Los Angeles e Nova York. Em São Paulo, o mixologista Márcio Silva, o Guilhotina Bar, é um deles. E define os tiki drinks: “Eles são criações alcóolicas sem arrogância, para o cara relaxar. Uma remada contra o raio gourmetizador”.

Márcio que já bebeu – e ainda tomas goles felizes – dessa fonte, reflete isso em invenções frescas e equilibradas, sem rótulos. Elas são parentes distantes dos mai tais e dos daiquiris (com seus runs, xaropes e suco de limão), como o ponto G, que leva vodca com chá verde e capim santo, licor de ervas, maçã, limão e bitters, ou como o rabo de flamingo, que aposta em cachaça com abacaxi, vermute e bitters. Um passo à frente, num tipo de coquetelaria (quase) perdida e que volta de forma tão encatadora quanto divertida.

Clássicos para entender o Tiki



O Painkiller é mais uma versão da incontornável piña colada: rum, abacaxi, laranja e leite de coco que ganham frescor com um toque de noz moscada. Não é regra, mas pode vir dentro de uma cabaça de coco.


Como o nome sugere, o Scorpion é potente: rum, gim, brandy, vinho branco, orgeat e sucos de limão e de laranja. Tudo num coquetel só. Ou seja, a precisão nas medidas é essencial para não se tornar algo adolescente, feito apenas para embebedar. Para ele vale abusar de canecas de cerâmica maoris.


Don The Beachcomber, pai do tiki preparou em 1933 um tal de mai tai swizzle, que não engrenou. Em 1944, Trader Vic, segundo grande nome do estilo, eternizou o Mai Tai com rum envelhecido por 17 anos, rum branco, limão espremido, toque de licor Orange Curaçao e de xarope Orgeat (que mescla laranja, amêndoas e rosas). Sem excesso de doçura, nem cores artificiais.