Marcio Shihomatsu não se parece com o típico chef italiano, mas talvez seja justamente isso que o torna único na cena gastronômica paulistana. Nascido em São Paulo e de ascendência japonesa, ele cresceu com a precisão do corte, a delicadeza do tempero e a reverência pelo frescor dos ingredientes — princípios que logo se provariam universais.
Após se formar em administração de empresas, seguiu o caminho esperado por muitos. Mas o verdadeiro chamado veio quando decidiu trocar os escritórios pelo calor das cozinhas de Toronto. Durante cinco anos, Shihomatsu mergulhou na tradição italiana trabalhando em restaurantes renomados como o Oretta e o Tutti Matti, onde o rigor técnico encontrou a criatividade. E ele, claro, não desperdiçou nenhum segundo.
Voltar ao Brasil parecia inevitável, mas não sem deixar o mundo do ramen e das massas dançarem um último tango. No Jojo Ramen, se envolveu na criação de pratos que combinavam o refinamento japonês com a alma italiana. Era como se dois universos tão distintos quanto complementares encontrassem em Marcio uma espécie de embaixador genuíno.
Mas foi em 2020, em plena pandemia, que o Shihoma Pasta Fresca nasceu. Se o mundo parecia desmoronar, Marcio enxergou uma oportunidade de oferecer algo que as pessoas não sabiam que precisavam: a simplicidade sofisticada das massas frescas feitas à mão. Era a cura caseira para dias cinzentos, um abraço servido em pratos de agnolotti e espaguete.
Hoje, o Shihoma Pasta Fresca é um destino obrigatório para quem quer entender como a obsessão por detalhes — seja no toque sutil da hortelã em um cordeiro braseado ou na textura única de uma massa feita com técnica temomi — pode redefinir o conceito de culinária italiana em São Paulo. O selo Bib Gourmand do Guia Michelin e o título de melhor restaurante italiano da cidade são só consequências de um trabalho cuja essência é visceral e artesanal.
Marcio Shihomatsu é um chef que não só prepara comida; ele conta histórias. Histórias que atravessam o oceano e encontram no paladar a ponte perfeita entre duas culturas. Talvez seja por isso que ele não se preocupe em parecer italiano. Sua arte vai muito além disso.