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Queijaria Rima faz maravilhas de ovelha

O Maratimba alia suavidade e sabor com um tico de leite de vaca

Acredite se quiser, mas só há 35 produtores de ovelha no país. Muitos para corte, o que explica o motivo pelo qual o leite de ovelha e, mais ainda, o queijo sejam tão raros por aqui. Quem toma o leite tem aquela boa surpresa: como ele é leve, ligeiramente adocicado, com textura tão delicada!


Agora, imagine essas características aplicadas ao queijo. Não à toa, o português Serra da Estrela é um dos melhores do mundo. Há outros tipos, no entanto, que casal Maria Clara Serra e Ricardo Reitmann produzem na pequena e charmosa Queijaria Rima, em Porto Feliz, a 100 km da capital paulista.


Há boursin, típico queijo de cabra francês, que ganha nova e ótima versão de ovelha. Tem um tipo camembert (só que também de ovelha), com ainda mais cremosidade e suavidade; tem os maturados como o tipo pecorino (o parmesão de ovelha) e o Guaianá, a prata da casa, prensado a mão, com massa elástica e semi-dura.


Agora uma novidade: o Maratimba. Em tupi, a palavra significa “mistura de branco com índio” e é usada para brincar com o conceito do seu novo produto. O Maratimba é um maturado de grande qualidade feito com a mistura de leite de ovelha com leite de vaca, meio a meio. O blend, por assim dizer, dá mais suavidade para o queijo, no entanto mantém a intensidade de sabor. Quando provamos sentimos um certo “nó” no paladar, é divertido. O consumo pode ser in natura, melhor em temperatura ambiente. Ou derretido, sobre uma fatia bacana de pão com fermentação natural. O Maratimba, vale dizer, derrete superbem


A Rima não produz queijo há tanto tempo. Aproveitou o know how da família do Ricardo que criava ovelhas para corte e reposicionou o processo. Antes, o casal que morava no Rio, buscou uma consultoria para orientá-los no negócio e foi para França, Portugal e Espanha mergulhar no mundo do queijo de ovelha. Aprenderam muito e começaram a aplicar técnicas e práticas com um certo grau autoral, o que dá tanta personalidade para os produtos que fazem. Claro, o terroir e o manejo dos animais, criados soltos e tratados pelo nome, também contribuem demais para o ótimo resultado final.


A banqueteira Neka Mena Barreto é uma das craques da cozinha que já descobriram o produto. Quem come realmente se surpreende muito com os produtos. A coalhada fresca, por exemplo, é firme e uma acidez fascinante. É bem diferente das versões com leite de vaca ou de cabra.


Se tem roquefort, o rei dos queijos de ovelha? Não tem. Porque o fungo usado para a fabricação do queijo é extremamente invasivo, o que faria com que a queijaria corresse o risco de, de repente, ver todos os seus queijos com a cara do francês.

Brunch no campo

Não dão duas horas da capital paulista até a mesa do sítio produtor de queijo

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Num estalo, estamos sentindo aquele cheirinho de mato, ouvindo o “méeee” das ovelhinhas e, melhor, não só degustando os queijos da Rima, mas também comendo as terrines e outras delícias preparadas pela D. Valéria, mãe da Maria Clara Serra. O brunch, escolhido a la carte, só é servido aos sábados e a gente só paga pelo o que pede. Das 10h às 16h, na Estrada Municipal para o bairro Caiacantinga, 13, Porto Feliz – SP

Serra da Estrela?

A hora de produzílo por aqui ainda vai chegar

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Seria uma sonho termos um tipo Serra da Estrela no Brasil, não? O ritual, convenhamos, de abrí-lo pela “tampa” e literalmente mergulharmos a colher na massa quase líquida, leve porém extremamente saborosa é uma dos mais fascinantes da boa mesa. Maria Clara Serra e Ricardo Reitmann passaram uma bela temporada em Portugal desvendando o processo de produção do queijo mais nobre do país. Foram recebidos como familiares pelos produtores, trouxeram mudas de cardo (a planta que faz a coagulação natural) e elas pegaram por aqui! O terroir bem diferente do que encontramos na Serra da Estrela dificulta muito o processo – além da adaptação necessária para duas câmaras de maturação. O casal, enfim, diz que ainda não é hora de investir na joia láctea. Mas ela vai chegar.